“Tudo eu nessa casa": mosca-de-banheiro entrega fofura e faxina grátis
Com hábitos simples, a Psychoda cinerea só precisa de água, alimento e abrigo para viver; sua presença em uma casa pode indicar a necessidade de caprichar mais na limpeza
Talvez você não perceba, mas há um ser que te acompanha frequentemente em um lugar que pede certa discrição: o banheiro. Mas não se preocupe, não estamos falando de um stalker… Quem possivelmente te observa é a Psychoda cinerea, popularmente conhecida como mosca-de-banheiro, aquele insetinho que fica à espreita em locais úmidos e escuros.
Apesar de invasivo, ele é extremamente discreto e inofensivo. É incapaz de transmitir doenças, diferente de seu primo, o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), conhecido por ser vetor da leishmaniose – doença infecciosa causada por um protozoário e que evolui para óbito na maioria dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde.
A mosca-de-banheiro só causa preocupação em ambientes hospitalares ou controlados. Como habitante oficial de sanitários, ela pode sujar suas perninhas e levar algo indesejável, como uma bactéria, para uma área estéril. A mesma lógica funciona para lugares onde se manipula comida e é necessário higiene máxima, como a cozinha.
Embora seja fofa e não transmita nenhuma doença, a Psychoda cinerea exige alguns cuidados. Se entrar em contato com o mosquitinho, o ideal é não tocar em mucosas – como boca e olhos – sem antes lavar bem as mãos. Em casos de acidente com a mosca, ao menor sinal de alergia, procure por ajuda médica especializada.
Confundida com mariposa, a Psychoda cinerea adora um cantinho escuro e úmido
O inseto passa pelas fases de ovo, larva e pupa até se tornar adulto, em mais ou menos 15 dias. Durante a fase larval, alimenta-se de matéria orgânica em decomposição, como restos de pele e cabelo. Nesta etapa da vida, mora em ralos e ajuda a conservar a manutenção em dia, quase como um encanador. Quando adulto, assume a função de faxina ao alimentar-se daquela gordura corporal eliminada durante o banho, que pode ficar impregnada no box.
Essa alimentação um tanto quanto duvidosa é característica dos bichinhos que moram no ambiente urbano. Na natureza, os hábitos alimentares da espécie geram menos repulsa, já que sua dieta é predominantemente composta por lodo.
No ciclo de vida natural, a mosquinha é predada por aranhas papa-mosca (Menemerus bivittatus) e lagartixas-domésticas (Hemidactylus mabouia). No ambiente doméstico, vale o alerta: caso você encontre muitas delas por aí, é um forte indicativo de que precisa caprichar mais na limpeza de casa. Medidas básicas, como uma faxina semanal, ajudam a controlar a população.
Por habitar locais com grande número de bactérias, qualquer contato com a mosca requer boa higienização das mãos
Membro da ordem Diptera, que refere-se a animais com apenas duas asas, o inseto é parente de mosquitos e outras moscas, sendo mais próxima dos pernilongos. Uma característica que o aproxima dos seus “primos” é o tamanho: ambos medem de um a cinco milímetros na fase adulta.
Encontrada facilmente por aí, a mosca-de-banheiro ocorre em todo o planeta, com exceção de regiões de frio extremo, como a Antártida. A família Psychodidae, à qual o insetinho pertence, tem mais de 3.000 espécies descritas, com 540 delas ocorrendo somente no Brasil.
E aí, já pensou que você pode ser a vizinhança pelada de alguém?
Mosca-de-banheiro (Psychoda cinerea)
Família: Psychodidae Onde habita: cantinhos úmidos e escuros… nas casas, o cômodo favorito é o banheiro Características físicas: mede de um a cinco milímetros na fase adulta, possui apenas um par de asas e os adultos possuem o corpo coberto por muitas cerdas Ciclo de vida: ovo, larva, pupa e adulto Tipo de alimentação: matéria orgânica (restos de pele e cabelo humano na fase larval, e resíduos de gordura corporal na fase adulta) Curiosidades: são confundidas com “pequenas mariposas”; limpeza grátis é seu segundo nome; é inofensiva, mas pode causar transtornos em ambientes estéreis e/ou controlados; observadora em momentos inapropriados, porém discreta.
Este texto foi validado e redigido com o apoio dos biólogos e técnicos do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan Eli Campos e Natália Batista Khatourian.
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