Os idosos, e depois os adultos, foram consideradas populações prioritárias no início da imunização contra a Covid-19, mas com a chegada da variante ômicron aumenta a necessidade de proteção também de crianças e adolescentes. Sem estarem incluídos nas campanhas de vacinação, os mais jovens se tornam mais suscetíveis aos vírus SARS-CoV-2 que os adultos imunizados, um fato apontado por diversos cientistas que participaram, na última semana, do CoronaVac Symposium, organizado pelo Instituto Butantan com o apoio da Sinovac. E nesse processo a vacina CoronaVac cumpre um importante papel: ela é a mais segura dentre todas as que estão em uso, sendo fabricada com a tecnologia de vírus inativado, a mais estabelecida de produção de imunizantes, e já teve sua eficácia comprovada entre o público pediátrico.
Confira a seguir os principais motivos pelos quais é preciso imunizar crianças e porque a CoronaVac deveria ser utilizada também nesse público, segundo médicos e pesquisadores.
1) Vários países já vacinam crianças
A CoronaVac está sendo aplicada na faixa de três a 17 anos em diferentes países do mundo. China, Chile, Equador, Indonésia, Camboja e Colômbia já aprovaram o uso da CoronaVac após pesquisas revelarem a segurança da vacina dessa faixa etária. A China foi pioneira neste sentido e autorizou o uso da CoronaVac em crianças a partir de três anos em junho. O Chile anunciou a mudança da faixa etária em setembro. Equador autorizou o uso do imunizante em outubro e Indonésia, Hong Kong e Camboja ampliaram sua faixa etária de imunização contra o SARS-CoV-2 em novembro.
No Brasil, a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos está autorizada com imunizante que usa a tecnologia de RNA mensageiro. O Butantan está conversando com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o objetivo de ampliar a faixa etária que pode receber a CoronaVac, incluindo as crianças de três a 11 anos. Para o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), para a pandemia ser combatida de forma efetiva é preciso incluir toda a população na cobertura de imunização, inclusive os mais jovens. “Acredito que a vacinação para crianças é obrigatória”, disse ele durante o CoronaVac Symposium.
2) Mesma tecnologia usada em outras vacinas infantis
A base da produção da CoronaVac é a tecnologia de vírus inativado, um processo antigo e usado em outras vacinas já aplicadas em crianças durante as campanhas anuais de imunização. A técnica, amplamente estudada, usa um vírus “morto”, que não é capaz de causar doença para induzir a resposta imunológica. Ela é usada, por exemplo, na vacina contra a gripe influenza, que é aplicada em crianças a partir dos seis meses de vida. Segundo o infectologista Esper Kallás, diretor do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,