Portal do Butantan
English

Butantan inaugura Usina de Geração e Cogeração de Energia para aumentar confiabilidade da produção de vacinas

Projeto aperfeiçoa sistemas que alimentam desde as fábricas de vacinas e soros até pontos de luz do Centro Administrativo, e aumenta a confiabilidade do fornecimento de energia


Publicado em: 19/08/2025

Reportagem: Marcella Franco
Fotos: Marília Ruberti

 

O Instituto Butantan inaugurou na última quinta (14) sua Usina de Geração e Cogeração de Energia. Movida a gás natural, a estrutura poderá alimentar boa parte da necessidade energética do complexo, onde são produzidas todas as vacinas e soros do Butantan, e os sistemas de ar condicionado das áreas administrativas do parque fabril. Com capacidade instalada de 12 MW, é uma das maiores usinas do tipo do estado de São Paulo.

Atualmente, a demanda contratada do Butantan é de 10,5 MW mensais, mas essa necessidade deve aumentar com a entrada em operação de novas fábricas de vacinas e soros. Com a usina, o Instituto se prepara para essa expansão, ao mesmo tempo em que aumenta a segurança da rede elétrica de suas fábricas e diminui a demanda energética da concessionária – esta, por sua vez, vê aumentada sua capacidade de abastecer a população.

“Este projeto vem para acompanhar o crescimento e as necessidades de utilidades que o Butantan tem para os próximos anos. Nos traz segurança energética, flexibilidade de manobra em situações de oscilação de energia, desligamentos e até mesmo de escassez”, avalia o diretor de Infraestrutura do Butantan, Rafael Lubianca. 
 


A instalação começou a ser pensada em 2015. Em 2019 os estudos se aprofundaram e, agora, depois de uma década de trabalho, a estrutura já está em funcionamento. Entusiasta do projeto desde sua concepção, o coordenador de Manutenção do Butantan, Eduardo Candido Alves, tem orgulho de explicar em pormenores a operação. “Nós vamos reduzir nossa conta de energia elétrica de forma substancial, e o dinheiro investido aqui deve retornar em menos de cinco anos”, afirma. 

Na supervisão e manejo das atividades da usina está uma equipe de 17 pessoas. Serão quatro turnos de trabalho, nos quais quatro funcionários permanecerão dentro da usina, enquanto os outros se distribuem por outras áreas do Butantan. 

“Somos operadores e fazemos a manutenção do sistema elétrico de todo o complexo. Cuidamos da entrada de 88.000 volts, depois rebaixamos para 13.200, até chegar na tomada do computador”, orgulha-se o coordenador de Manutenção. “Toda adaptação da rede para lá foi feita pela nossa equipe. E não é pouca coisa, não.”
 


Como funciona a usina

A usina é composta por seis geradores movidos a gás natural. Quando a fumaça resultante da operação sai do escapamento do gerador, é direcionada para a tubulação – envelopada por uma camada de água desmineralizada. Essa água esquenta e vira vapor, que é enviado a uma central formada por caldeiras elétricas. Esta central já opera há algum tempo, mas agora será alimentada pelo subproduto da usina. A fumaça, depois de aquecer a água, passa por um catalisador, tornando-se inofensiva para o meio ambiente. 

Em outra etapa do processo, a água quente vinda do radiador dos motores será circulada e enviada aos chillers de absorção. Essas máquinas configuram sistemas de refrigeração à base de calor – em vez de usar eletricidade para gerar água gelada, elas operam por meio de um ciclo termodinâmico que envolve um refrigerante e um absorvente. 

Nos chillers do Butantan, a água quente entra em contato com brometo de lítio e provoca uma reação química. “Quando isso acontece, o brometo de lítio vai procurar se resfriar na serpentina de água comum que existe dentro do chiller. Assim, a temperatura da água cai para 6,5°C”, explica Eduardo. Esta água resfriada alimentará o sistema de ar-condicionado das áreas administrativas do parque fabril. Por meio do processo, serão reaproveitadas 1370 toneladas de água quente.

Como backup, a nova usina também contém um gerador a diesel, semelhante ao que impulsiona navios, que funciona como “black start” – ou seja, é acionado em caso de desligamento total ou parcial da rede.