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A história da terapia CAR-T: 60 anos de evolução e pioneirismo em direção à cura do câncer

Tratamento inovador contra o câncer será produzido no Brasil pelo Instituto Butantan, pela Universidade de São Paulo e pelo Hemocentro de Ribeirão Preto


Publicado em: 09/01/2023

A terapia celular CAR-T é a mais avançada e promissora ferramenta do arsenal médico no combate a certos tipos de câncer de sangue, como leucemia e linfoma. A tecnologia, que futuramente poderá ser adaptada para outros tipos de câncer, consiste em reprogramar as células de defesa do próprio paciente para eliminar as células tumorais. Desde a realização dos primeiros ensaios clínicos da CAR-T, em 2010, nos Estados Unidos, mais de 10 mil pacientes terminais em todo o mundo já foram submetidos ao procedimento e muitos alcançaram remissão da doença. 

Eram pacientes desenganados, que recorreram à CAR-T como a última alternativa para tratar o câncer. Médicos que atuam com a terapia há anos estimam que, nos primeiros anos, a taxa de sucesso para a remissão dos tumores ficava entre 30% e 40% dos pacientes; hoje, a eficácia supera os 80%. Ou seja, 8 em cada 10 pacientes com leucemia ou linfoma em estágio terminal que se submetem à terapia CAR-T não apenas sobrevivem, como apresentam remissão completa dos tumores.

Recentemente, o Brasil entrou para o mapa de países que produzem essa terapia em grande escala, com a inauguração do Programa de Terapia Celular do Instituto Butantan, Universidade de São Paulo e Hemocentro de Ribeirão Preto. O objetivo do projeto é ampliar o acesso à CAR-T e disponibilizá-la no Sistema Único de Saúde (SUS).

Resultado de mais de 60 anos de pesquisa, a história da terapia CAR-T começou na década de 1950, com a descoberta do transplante de medula óssea, que é outro tipo de terapia celular. Entenda os avanços da ciência que levaram à criação da terapia CAR-T:


As células do timo

1950: Primeiro transplante de medula óssea

Foi a primeira vez que células vivas foram infundidas em pacientes para o controle do câncer – no caso, a leucemia.

 

1960: Linfócitos se mostram capazes de eliminar células cancerígenas

Cientistas demonstraram que os linfócitos, células do sistema imunológico que desempenham papel central na resposta imune, eram capazes de eliminar células cancerígenas em camundongos. Mas não se conhecia os tipos de linfócitos que estavam envolvidos nesse mecanismo. Um possível candidato era o linfócito hoje conhecido como célula T, mas não se sabia onde ele era produzido. </