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Do hospital para a quadra de vôlei: estudante de medicina tratado com CAR-T alcança remissão da leucemia após quatro recidivas

Diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda em 2017, Lucas encontrou uma nova esperança na terapia celular CAR-T


Publicado em: 28/06/2022

Vencendo o jogo de vôlei do campeonato da faculdade, uma de suas paixões, e sendo eleito o melhor jogador da partida: foi assim que Lucas Visconti, 27, comemorou o sucesso de seu novo tratamento com a terapia celular CAR-T alguns dias após ter alta do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). O estudante de medicina de Paraíba do Sul (RJ) foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda de células B em 2017, aos 22 anos, e mesmo com diversas sessões de quimioterapia e um transplante de medula óssea, o câncer retornou quatro vezes. Com a quantidade de recidivas e a ausência de um novo doador compatível, ele foi um dos primeiros pacientes brasileiros com leucemia a ser indicado para a terapia experimental com células CAR-T, desenvolvida no Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto (SP).

A terapia celular CAR-T é um tratamento inovador que usa as próprias células de defesa do paciente, reprogramadas geneticamente em laboratório, para combater as células do câncer. No entanto, seu acesso é extremamente limitado, já que só é aprovado fora do país e pode custar US$ 500 mil por aplicação, chegando a US$ 1 milhão com os gastos hospitalares. No Brasil, a terapia tem sido aplicada nos últimos anos por decisão médica em pacientes que já esgotaram todas as opções de tratamento e não melhoraram – como foi o caso de Lucas, selecionado para a terapia no começo deste ano.


Ele conta que sentia muitas dores de cabeça, às vezes chegava a desmaiar, e mesmo passando por vários neurologistas, o diagnóstico não vinha. Depois, a dor de cabeça evoluiu para uma visão dupla (diplopia). Após se consultar com um oftalmologista, ele fez um tratamento com corticoides e melhorou, mas conforme foi retirando a medicação, os sintomas voltaram. Lucas e sua família continuaram buscando respostas, até que durante uma viagem com os amigos ele passou mal e foi levado ao hospital. O neurocirurgião que o atendeu fez uma punção do líquor (líquido que permeia o cérebro e a medula espinhal, na região da lombar) e descobriu que uma hipertensão intracraniana, indicando a necessidade de cirurgia. 

Lucas chegou a ser internado, mas, no pré-operatório, voltou a tomar corticoide e os sintomas melhoraram novamente. Após a análise do líquor, os médicos descobriram que o seu quadro não era neurol&oacu