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Soro antiofídico produzido pelo Butantan salva vida de criança indígena picada por cobra em aldeia do AM

Menina de 8 anos moradora da região do Alto Rio Solimões (AM) recebeu soro enviado pelo instituto para projeto de pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas


Publicado em: 14/12/2022

“A criancinha estava em estado grave, sangrando de tudo que era jeito, deitada no chão, não comia nem nada. Em 25 minutos de soro, o sangue foi estancando, ela sentou e todo mundo ficou abismado com a situação.” O relato emocionado é do enfermeiro Manoel Rodrigues Gomes, coordenador do Polo Base Belém do Solimões, após a aplicação de soro antiveneno em uma menina indígena, que estava em estado grave depois de sofrer uma picada de cobra em sua aldeia no Amazonas. 

A garotinha de 8 anos, de origem ticuna, foi picada por uma jararaca em 29/11 na aldeia Novo Cruzador, em Tabatinga (AM), onde mora. Lá ela recebeu 12 frascos de soro antiveneno doados pelo Instituto Butantan através de uma parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O soro causou reação imediata e evitou um desfecho trágico por envenenamento, mesmo tendo sido aplicado quase dois dias depois do acidente, diante da dificuldade de acesso à aldeia. 

Menina indígena recebe 12 ampolas de soro antibotrópico na aldeia Novo Cruzador, na região de Belém do Solimões (AM), onde mora, após ser picada por jararaca

O povoado onde a criança vive, pertencente à aldeia indígena Belém do Solimões, a maior do Brasil, com mais de 5 mil moradores, fica no extremo oeste do Amazonas, na região de tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. A região é acessada somente pelo rio Solimões e seus afluentes, e o caminho até Novo Cruzador, especificamente, depende de um igarapé que está seco. “Primeiro, os profissionais de saúde tiveram que navegar com uma ‘voadeira’, espécie de lancha que consegue transitar em poucas profundidades, e depois seguir andando até a aldeia”, conta Altair Seabra, professor de Saúde Indígena da UEA, que acompanha o processo de descentralização do antiveneno para aldeias indígenas do estado.

Acesso ao soro salva vidas

Altair, que coordenou a operação à distância, ouviu a declaração de Manoel no dia do resgate, por áudio. Ele conta que a enfermeira que trabalhava na aldeia pediu reforços assim que encontrou a criança com grande inchaço em toda a perna, focos de sangramento pelo corpo e muito prostrada. Ela havia sido picada quase 48 horas antes, e a demora no atendimento pode ter feito seu estado de saúde se agravar.

“Uma primeira equipe chegou para averiguar e viu que precisava de soro. En