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Estudantes brasileiros alcançam resultado histórico na 18ª Olimpíada Iberoamericana de Biologia, com primeiro lugar e quatro medalhas

Os jovens, do Ceará, Pernambuco e Sergipe, conquistaram o Top Gold da competição, dois ouros e uma prata; próxima edição da olimpíada acontece no Brasil, no Instituto Butantan


Publicado em: 15/09/2025

Reportagem: Carolina Fioratti
Fotos: Comunicação Butantan e arquivo pessoal

 

Neste sábado (13), os quatro estudantes brasileiros do Ensino Médio que representaram o país na 18ª Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB), realizada na Colômbia, conquistaram um feito inédito: o primeiro lugar geral na competição, além de duas medalhas de ouro e uma de prata. Os jovens foram selecionados para a OIAB por terem obtido notas altas na 21ª Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada pelo Butantan, e serem aprovados em uma seletiva e capacitação realizada no Instituto em maio de 2025. 

Paulo Vinicius Rodrigues de Azevedo, do Colégio Master, de Fortaleza-CE, foi Top Gold da competição, ou seja, teve a maior nota entre todos os concorrentes. Julia Mota Miranda, do Colégio GGE, de Recife-PE, e João Nilson Pedreira da Cruz Neto, do Colégio Coesi, de Aracaju-SE, receberam medalhas de ouro; e Francisco Ulisses Montenegro Campos, do Colégio Ari de Sá, também de Fortaleza-CE, foi premiado com a prata. Essa foi a primeira vez de todos os estudantes em uma competição internacional de biologia.

João Nilson se diz honrado por representar o estado de Sergipe, que pela primeira vez teve participação na OIAB. Na linha das primeiras vezes, essa também foi a primeira viagem internacional do jovem, oportunidade que ele atribui à conquista da medalha de ouro na OBB. “Agradeço a todos que me ajudaram a participar desse marco incrível na minha história”, afirma. Mais do que realizar as provas e medalhar, João estava animado, principalmente, “para conhecer e conversar com outros estudantes de diversas partes da Iberoamérica e conhecer culturas diferentes.”
 

Paulo Vinicius Rodrigues, João Nilson Pedreira, Julia Mota e Francisco Campos, vencedores da OIAB 2025


Julia, que também saiu do país pela primeira vez para participar da OIAB, descreve a oportunidade como a realização de um sonho. No entanto, reforça que a participação de meninas em competições do tipo ainda é baixa quando comparada ao número de garotos – fato que ela pretende ajudar a mudar. 

“Nos últimos três meses, tenho me preparado para as provas com a intenção de representar o Brasil com excelência. Mas além do resultado obtido pela delegação brasileira, torço para que a minha participação e desempenho sirvam de estímulo para que outras garotas participem das olimpíadas científicas”, explica. 
 

Julia Mota recebeu medalha de ouro na OIAB e deseja fomentar a participação feminina na competição

 

OIAB 2026 no Butantan

Em 2026, a OIAB será sediada no Brasil, com as competições ocorrendo no Instituto Butantan. A delegação brasileira retorna da Colômbia com um troféu que simboliza a OIAB, e que será guardado pelo Butantan durante todo o próximo ano até a realização da nova edição. 

Essa será a terceira vez que o Brasil recebe a Olimpíada Iberoamericana de Biologia. A primeira ocorreu em 2008, no Rio de Janeiro, e a segunda, em 2016, em Brasília. 

Segundo Sonia Aparecida de Andrade Chudzinski, pesquisadora do Butantan e coordenadora nacional da OBB desde 2017, ter o Butantan como sede da Olimpíada não apenas incentivará o estudo da biologia no país, mas promoverá relações amistosas entre professores e estudantes de diferentes nacionalidades, de forma a promover a troca de experiências culturais e o despertar dos jovens para pesquisa e inovação.

“A Comissão Organizadora já está trabalhando na parte técnica-científica, elaboração dos testes teóricos e práticos, bem como em diferentes aspectos de uma recepção carinhosa e cheia de experiências científicas e culturais, demonstrando um pouco mais sobre o nosso Instituto e o Brasil”, conta ela.


Sonia Andrade, coordenadora da Olimpíada Brasileira de Biologia, acompanhou os estudantes na edição Iberoamericana


Sobre a OBB

A OBB é um projeto educacional e social para estudantes do Ensino Médio, da rede pública e privada de todo o Brasil, que tem como principal objetivo aproximar os estudantes da pesquisa científica. 

A Olimpíada é porta de entrada para as competições internacionais, permitindo que os jovens melhores classificados participem de seletivas para a Olimpíada Internacional de Biologia (IBO) e Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB). Em 2025, a olimpíada somou 161 mil participantes, com 20 medalhistas de ouro sendo capacitados pelo Instituto. 

No início de setembro, o Butantan foi homenageado pelo Conselho Federal de Biologia (CFBio), em Brasília, por seus esforços para a organização anual da OBB. A entidade reconheceu a excelência do Instituto na difusão do conhecimento científico, sua capacidade de inspirar jovens estudantes, o estímulo à vocação científica e a valorização da biologia como fundamento da ciência, da saúde, da educação, da sustentabilidade e da inovação.

Sonia Andrade também foi homenageada durante o evento, recebendo uma placa das mãos da presidente do CFBio, Alcione Azevedo, em sinal de agradecimento pelos serviços prestados às ciências biológicas e pela dedicação à produção e disseminação do conhecimento científico.

Além de coordenar a OBB e representar o Brasil em competições internacionais, Sonia também preside o Fórum Nacional de Olimpíadas Científicas, tendo sido a primeira mulher eleita para a função, em 2024.

A OBB é organizada em parceria com a Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), e recebe apoio do Centro de Toxinas, Resposta-imune e Sinalização Celular (CeTICS), Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD), Conselho Federal de Biologia (CFBio), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).